segunda-feira, 12 de maio de 2008

Minha professora leitora e querida usuária fiel

Pode parecer incrível, mas não são só os alunos que fogem da leitura e da biblioteca, os professores e os funcionários da escola são igualmente fujões. Esta professora de historia, a professora Isabel, é minha única professora leitora e fiel. Aliás ela me contou sua história de como veio a ser professora e é uma historia que vale a pena escutar, chega a dar arrepios de ver um exemplo tão bacana de como alguém se encontrou em uma profissão. Ela gosta do que faz. Tem vindo regularmente a biblioteca e com isto tem dado o exemplo de leitura aos nossos alunos. É muito importante para o trabalho que faço com os alunos ter professores leitores. Ler porém, não é como dirigir carro, quando você começa aprendendo como muda a marcha e pisa no acelerador e embreagem e depois dirige no automático, deixa sua coluna vertebral dirigir para você. Para ler você precisa dedicar concentração, estar na direção do seu destino e saber para onde você quer ir. A biblioteca é o território livre do conhecimento ou o território do conhecimento livre. Aqui na biblioteca você decide o que quer ler e o que quer saber. Livros são armas, como eu sempre digo aos meus pupilos. Você pode ter muitas armas em seu arsenal, mas se não conhecê-las não servirão para nada. Com os livros é assim. Os alunos do colégio em que trabalho tem à sua disposição muitas armas, muitos livros. Eles não lêem, e portanto não os conhecem. De que adiantaria ter um tanque de guerra que você não sabe dirigir ou manusear? Para que serviria? Para a mesma coisa que servem os livros não lidos, para nada. O livro exerce sobre as pessoas fascinação, respeito e até desprezo. Muitos alunos chegam aqui e se impolgam com a propaganda que faço do livro e até vem a capa bonita e compram a idéia que eu lhes vendi. Mas quando chega a hora de pagar para ler com tempo e dedicação, desistem e voltam dizendo que o livro ´s difícil ou chato e que não gostaram. O grande tesouro que os livros tem reservado para cada um dos leitores está na busca constante do aprendizado e na curiosidade do leitor. Há livros que temos que enfrentar partes chatas para, la em alguma pagina achar o tesouro procurado. Há livros do coração e livros da obrigação. Todos nós temos tempo para ler. Quando um aluno vem e me diz que tem muita coisa para ler e que não tem tempo eu o faço ali, naquele instante em que proferiu uma inverdade parar e pensar que está mentindo a si mesmo. Eu leio nos tempos que tenho e também nos contra-tempos. Leio tres páginas pela manhã no banheiro, sentado ao trono, leio uma página andando do carro até a biblioteca em que trabalho e outra subindo até o carro quando vou embora. A noite leio ao menos mais uma pagina. Isto dá umas 6 páginas ao dia. Isto dá um livro por mês, dependendo do livro, mas dá 12 livros por ano. 12 livros do coração por ano é muito mais do que adolescentes que tem o tempo inteiro para ler realmente lêem. Professores também precisam ler livros do coração. Livros escolhidos a dedo que não sejam da necessidade rotineira de ler. Isto vai trazer magia e encantamento ao seu discurso sobre leitura, vai trazer verdade em suas palavras quando aconselhar um aluno a ler. Espero que mais professores entrem na biblioteca para pedirem emprestimos de livros e que mais professoras como a Professora Isabel de historia e também professores se tornem também leitores campeães.

Rudi Santos

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