segunda-feira, 19 de maio de 2008

Arte na biblioteca escolar


Minha forma de conversar com os alunos sobre arte não pode ser a forma convencional com a qual um professor conversa com seus alunos. Apesar de me chamarem de professor as vezes, eu não sou professor e esta foi uma opção muito clara de minha parte quando sai apavorado da sala de aula depois de dois meses vendo crianças que odiavam estudar se degladiando, subindo nas mesas e xingando umas as outras(escola do estado). Resolvi que aquilo não era para mim. Não que eu não gostasse de crianças, eu as adoro. Meu problema com isto é que eu não gosto da cara da educação como ela é. As crianças são obrigadas a irem para a escola, lugar que a p´rincipio gostam mas quando crescem um pouco mais passam a detestar. Escola virou simbolo de prisão, tortura certa na hora de mostrar os boletins, confusão certa com alunos encrenqueiros e professores autoritários. Ler na escola se tornou algo inevitável e chato como é a morte. a reclamação que tenho ouvido dos alunos é que a escola não lhes pergunta o que eles querem ler e simplesmente lhes enfia Jorge Amado e Machado de Assis goela abaixo. Mas já pensou se a escola não cobrasse a leitura, será que eles leriam alguma coisa? Sim. Se a escola fizesse uma simbiose com os autores de Harry Potter, O senhor dos anéis, As crônicas de Narnia certamente os alunos leriam algo. Mas é dificil para o professor não leitor ler tudo o que seus alunos querem ler para avaliar o que leram não é? Já pensou professor se seu aluno sai lendo o que quer que trabalho você vai ter para ler e avaliar a compreensão deles? E as idéias que vão adquirir? Tem aluno que pega até o mundo de Sofia para ler sem dó. Já pensou nas perguntas que poderiam surgir em classe se os alunos lessem o que lhes dessem na telha? Como dizia antes de me perder, a minha forma de conversar arte na escola, como bibliotecario é uma forma sutil. Coloco um quadro na biblioteca e abaixo dele uma pergunta: Você poderia ler este quadro? e deixo o pau quebrar. Sei que vou pegar alguém nesta teia. Algum dos alunos vai me perguntar que diabos eu quis ou quero dizer por ler um quadro. Trago máscaras de casa e pinduro nas paredes e eles brincam muito com elas. Talvez esta seja uma forma de desmistificar oambiente. de transformar esta senzala de castigo onde as pessoas tem que ler em algo que seja mais leve e tenha um clima mais descontraido. Outro dia se formou um grupinho e estavam a fazer mimica para advinhar nomes de filmes.


Achei muito bacana e filmei, assim que puder posto para os leitores deste blog(se é que eles existem). Mas logo veio uma das irmãs reclamar do barulho que faziam na biblioteca os que tentavam advinhar a mimica. Por traz de uma atividade tão rica em significados uma reclamação pobre em sentido. Mas eu não desanimo. Tivemos uma oficina de artes em que colavam uma figura em um papel e continuavam o desenho da figura. Sairam coisas bem interessantes. Na semana passada organizei uma semana que chamam de Semana literária. Com um certo mau jeito porque nunca fiz nada deste tipo, mas trouxe teatro, aficina de arte, roda de leitura e contação de historias para o colégio. Achei bem legal a conversa que tivemos com os varios anos sobre o porque não gostam de ler. As razões comentadas foram estas expostas acima mas sei que é dificil mudar e tornar o dia a dia do leitor mais gostoso com coisas que ele goste de ler. a idéia do professor é que, ou se obriga a ler ou ninguem vai ler nada. A do aluno é que se o obrigarem a ler ele vai ler o minimo possivel. e fica uma briga eterna.








Rudi




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